EXERCÍCIOS SOBRE “A DÚVIDA” (Filosofia – Ensino Médio – 1º ano)

QUESTÃO 1
A primeira virtude do filósofo, dizia Platão, é o espanto (thaumázein, em grego), a curiosidade insaciável, a capacidade de admirar e problematizar as coisas. interprete essa afirmação, relacionando-a com “a importância de duvidar e perguntar” e “a atitude filosófica”.
Seja surpreendendo-se e admirando-se com as coisas, seja problematizando-as e questionando-as, a pessoa estará imbuída da curiosidade investigadora e indagadora que caracteriza a atitude necessária para filosofar.
QUESTÃO 2
O que quis dizer o filósofo espanhol manuel garcía morente (1886-1942) quando afirma que para filosofar é importante “puerilizar-se”, ter uma disposição infantil?
García Morente refere-se à necessidade de nos abrirmos ao mundo como uma criança o faz, isto é, “perceber e sentir por toda a parte […] problemas, mistérios; admirar-se de tudo, sentir profundamente o arcano e misterioso de tudo isso; colocar-se ante o universo e o próprio ser humano com um sentimento de admiração, de curiosidade infantil como a criança que não entende nada e para quem tudo é problema”. Para ele, nunca poderá ser filósofo “aquele para quem tudo resulta muito natural, para quem tudo resulta muito fácil de entender, para quem tudo resulta muito óbvio”.
QUESTÃO 3
Analise as principais características da dúvida filosófica, buscando justificar a seguinte afirmação: “nem todo tipo de dúvida é filosófico”.
A dúvida filosófica não é uma dúvida banal, comum, porque ela se caracteriza por: 
a) estar relacionada com uma necessidade inquietante de explicação racional para algo da existência humana que se tornou incompreensível ou cuja compreensão existente não satisfaz; 
b) exercitar, num primeiro instante, a suspensão do juízo; 
c) favorecer o exercício fecundo da inteligência sobre questões teóricas importantes para todos nós, de tal maneira a construir uma explicação sólida e bem fundamentada, um conhecimento claro e confiável sobre o tema que é objeto de inquietude.
QUESTÃO 4
Que método utiliza a filosofia? Que regra básica não se deve esquecer para aprender a filosofar?
Embora a filosofia não tenha um método exclusivo de investigação, quem pretende filosofar deve seguir um princípio ou regra básica: tudo o que se diz deve ser demonstrado, isto é, explicado por meio de uma argumentação que utilize apenas premissas válidas ou verdadeiras, articuladas de maneira lógica. Ou seja, é a regra da razão.
QUESTÃO 5
Por que o exercício da dúvida realizado por Descartes é conhecido como “dúvida metódica”, mas também como “dúvida radical ou hiperbólica”?
A dúvida cartesiana é dita “metódica” porque vai se ampliando passo a passo, de maneira ordenada e lógica, partindo das ideias mais simples e concretas até chegar às mais gerais e abstratas; e “radical ou hiperbólica” porque vai atingindo tudo e chega a um ponto extremo em que não é possível ter certeza de nada, nem de que o mundo existe.
QUESTÃO 6 
Identifique a ambição de Descartes ao se propor realizar a dúvida metódica.
O filósofo pretendia começar tudo de novo, desde os fundamentos, para construir uma nova ciência que garantisse um conhecimento sólido e verdadeiro. Essa era sua ambição.
QUESTÃO 7
Resuma o critério de verdade adotado pelo filósofo.
Descartes propôs-se não acolher nenhum juízo como verdadeiro se não se apresentasse evidentemente como tal, ou seja, se não se apresentasse “tão clara e tão distintamente a meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo em dúvida”. Trata-se do critério da evidência, isto é, da clareza e distinção.
QUESTÃO 8
Diferencie as “ideias que nascem dos sentidos” das “ideias que nascem da razão”. Exemplifique.
As ideias que nascem dos sentidos são as mais concretas, que se formam em referência ao mundo material, percebido sensorialmente, como os corpos, os objetos, suas formas, cores, texturas, ruídos, sabores etc. As ideias que nascem da razão são puramente mentais ou intelectuais, supostamente não necessitariam da experiência concreta, como as que se relacionam com as matemáticas (2 + 3 = 5; o quadrado tem quatro lados etc.).
QUESTÃO 9
Analise a dúvida metódica de Descartes, passo a passo, destacando os principais raciocínios ou argumentos.
Espera-se que o estudante exponha sua compreensão do (1) argumento do erro dos sentidos, (2) argumento do sonho, (3) argumento do Deus enganador e (4) argumento do gênio maligno.
QUESTÃO 10
Qual é a primeira certeza que rompe com a dúvida hiperbólica? Explique como o filósofo chegou a ela.
É o Cogito, ergo sum, ou “Penso, logo existo”, a certeza de existir como “coisa que pensa” enquanto pensa. Descartes chegou a essa conclusão porque: (1) se um ser enganador o enganava, ele tinha de ser algo enquanto era enganado; (2) se duvidava, também devia ser algo que existia enquanto duvidava; (3) o próprio ato de pensar, sem importar seus conteúdos, não pode ser colocado em dúvida por aquele que duvida, já que, enquanto duvida que está pensando, está pensando, pois é impossível duvidar sem pensar; (4) se você pensa, deve haver algo (uma coisa, um ser, que é você) que produz esse pensamento; (5) daí a conclusão: “Penso, logo existo”.
QUESTÃO 11
Relacione a dúvida cartesiana em relação aos sentidos com a teoria de Platão sobre o mundo sensível.
PESSOAL: Espera-se que o estudante faça uma conexão entre o pensamento platônico, que considera ilusório e enganoso o mundo sensível, e os argumentos cartesianos do erro dos sentidos e das ilusões oníricas.