EXERCÍCIOS DE SOCIOLOGIA (Ensino Médio – 3º ano)
1. (UNESP) O advento de chefes de Estado-empresa marca uma transição sistêmica entre o enfraquecimento do Estado-nação e o fortalecimento da corporação apoiada em sua racionalidade técnico-econômica e gerencial. Essa transferência leva, por um lado, ao esvaziamento do Estado, reduzido à administração e à gestão, e, de outro, à politização da empresa, que expande sua esfera de poder muito além de sua atividade tradicional de produção. A corporação tende a se tornar o novo poder político-cultural.
(Pierre Musso. “Na era do Estado-empresa”. http://diplomatique.org.br, 30.04.2019. Adaptado.)
A) A apropriação das forças produtivas pelo Estado e a defesa da igualdade social.
B) O pluralismo democrático e a redistribuição de renda por programas de assistência social.
C) A regulamentação da força de trabalho e a defesa da produção flexível.
D) O protecionismo econômico e a implantação de políticas fiscais contra a inflação.
E) A adoção de privatizações e a mínima intervenção do Estado na economia.
02. (UNESP) A mídia é estética porque o seu poder de convencimento, a sua força de verdade e autoridade, passa por categorias do entendimento humano que estão pautadas na sensibilidade, e não na racionalidade. A mídia nos influencia por imagens, e não por argumentos. Se a propaganda de um carro nos promete o dom da liberdade absoluta e não o entrega, a propaganda política não vai ser mais cuidadosa na entrega de suas promessas simbólicas, mesmo porque ela se alimenta das mesmas categorias de discurso messiânico que a religião, outra grande área de venda de castelos no ar.
(Francisco Fianco. “O desespero de pensar a política na sociedade do espetáculo”. http://revistacult.uol.com.br, 11.01.2017. Adaptado.)
Considerando o texto, a integração entre os meios de comunicação de massa e o universo da política apresenta como implicação
A) A redução da discussão política aos padrões da propaganda e do marketing.
B) A ampliação concreta dos horizontes de liberdade na sociedade de massas.
C) O fortalecimento das instituições democráticas e dos direitos de cidadania.
D) O apelo a recursos intelectuais superiores de interpretação da realidade.
E) A mobilização de recursos simbólicos ampliadores da racionalidade
03. (UNICAMP) Alguns pesquisadores falam sobre a necessidade de um “letramento racial”, para “reeducar o indivíduo em uma perspectiva antirracista”, baseado em fundamentos como o reconhecimento de privilégios, do racismo como um problema social atual, não apenas legado histórico, e a capacidade de interpretar as práticas racializadas. Ouvir é sempre a primeira orientação dada por qualquer especialista ou ativista. uma escuta atenta, sincera e empática. Luciana Alves, educadora da Unifesp, afirma que “Uma das principais coisas é atenção à linguagem. A gente tem uma linguagem sexista, racista, homofóbica, que passa pelas piadas e pelo uso de termos que a gente já naturalizou. “A coisa tá preta”, ‘denegrir”, ‘serviço de preto”… Só o fato de você prestar atenção na linguagem já anuncia uma postura de reconstrução. Se o outro diz que tem uma carga negativa e ofensiva, acredite”.
(Adaptado de Gente branca: o que os brancos de um país racista podem fazer pela igualdade além de não serem racistas. UOL, 21/05/2018)
Segundo Luciana Alves, para combater o racismo e mudar de postura em relação a ele, é fundamental
A) Ouvir com atenção os discursos e orientações de especialistas e ativistas.
B) Reconhecer expressões racistas existentes em práticas naturalizadas.
C) Passar por um “letramento racial” que dispense o legado histórico.
D) Prestar atenção às práticas históricas e às orientações da educadora.
04. (UNESP) O cooperativismo de consumo não está morto, mas perdeu a batalha contra o grande capital comercial, que é atacadista e varejista ao mesmo tempo. Em termos de preços e qualidade, o grande capital é imbatível. Só que é impessoal, burocrático, não permite atentar para necessidades particulares. Suas vantagens se dirigem a um público cujas preferências são pautadas pela publicidade nos meios de comunicação.
(Paul Singer. Introdução à economia solidária, 2013. Adaptado.)
Um pressuposto das relações contemporâneas de consumo, coerente com a lógica do modo de produção capitalista, é
A) A pluralidade na produção.
B) A diversidade dos indivíduos.
C) A generalização de tarefas.
D) A massificação da sociedade.
E) A pequena escala produtiva.
05. (FUVEST) Em relação à ética e à justiça na vida política da Grécia Clássica, é correto afirmar:
A) Tratava-se de virtudes que se traduziam na observância da lei, dos costumes e das convenções instituídas pela pólis.
B) Foram prerrogativas democráticas que não estavam limitadas aos cidadãos e que também foram estendidas aos comerciantes e estrangeiros.
C) Eram princípios fundamentais da política externa, mas suspensos temporariamente após a declaração formal de guerra.
D) Foram introduzidas pelos legisladores para reduzir o poder assentado em bases religiosas e para estabelecer critérios racionais de distribuição.
E) Adquiriram importância somente no período helenístico, quando houve uma significativa incorporação de elementos da cultura romana.
06. (UNESP) No Brasil, para uma população 54% negra (incluídos os pardos), apenas 14% dos juízes e 2% dos procuradores e promotores públicos são negros. Juízes devem ser imparciais em relação a cor, credo, gênero, e os mais sensíveis desenvolvem empatia que lhes permite colocar-se no lugar dos mais desfavorecidos socialmente. Nos Estados Unidos, várias ONGs dedicam-se a defender réus já condenados. Como resultado do trabalho de apenas uma delas, 353 presos foram inocentados em novos julgamentos desde 1989. Desses, 219 eram negros. No Brasil, é uma incógnita o avanço social que seria obtido por uma justiça cega à cor.
(Mylene Pereira Ramos. “A justiça tem cor?”. Veja, 24.01.2018. Adaptado.)
Sobre o funcionamento da justiça, pode-se afirmar que
A) O preconceito étnico é fenômeno exclusivamente subjetivo e sem implicações na esfera pública.
B) A neutralidade e objetividade no julgamento não estão sujeitas a fatores de natureza psicológica.
C) A disparidade da composição étnica entre réus e juízes é um fator de crítica à atuação do Judiciário.
D) A isenção jurídica é garantida por critérios objetivos que independem da origem étnica ou social.
E) A imparcialidade nos julgamentos é fator que torna desnecessária a adoção de políticas afirmativas.
07. (UNESP) Em maio deste ano, a divulgação do vídeo de uma moça desacordada, vítima de um estupro coletivo, provocou grande indignação na população. Num primeiro momento, prevaleceu a revolta diante da barbárie e a percepção de que o machismo, base da chamada “cultura do estupro”, persiste na sociedade. Passado o primeiro momento, as opiniões divergentes começaram a surgir. Entre os que não veem o machismo como propulsor de crimes desse tipo estão aqueles (e aquelas!) que consideraram os autores do ato uns “monstros”, o que faz do episódio um caso isolado, perpetrado por pessoas más. Houve quem analisasse o fato do ponto de vista da psicologia, sugerindo que, num estupro coletivo, o que importa é o grupo, não a mulher (como ocorre nos trotes contra calouros e na agressão entre torcidas de futebol). Mais uma vez, temos uma reflexão que se propõe explicar os fatos à luz do indivíduo e seu psiquismo. Outros deslocam o problema para as classes sociais menos favorecidas. São os que costumam ficar horrorizados com a existência de favelas, ambientes onde meninas dançam com pouca roupa ao som das letras machistas do funk.
(Thaís Nicoleti. “Discursos em torno da ‘cultura do estupro’”. www.uol.com.br, 09.06.2016. Adaptado.)
Considerando o conjunto dos argumentos mobilizados no texto para explicar a violência contra a mulher na sociedade atual, é correto afirmar que
A) A “cultura do estupro” é um conceito educacional relacionado sobretudo com o baixo nível de escolarização da população.
B) As origens e responsabilidades por tais acontecimentos devem ser atribuídas tanto aos agentes quanto às vítimas da agressão.
C)A “cultura do estupro” é um conceito científico, relacionado com desvios comportamentais de natureza psiquiátrica.
D) Os episódios de barbárie social são provocados exclusivamente pelas desigualdades materiais geradas pelo capitalismo.
E) A abordagem opõe um enfoque antropológico, baseado em questões de gênero, a argumentos de natureza moral, psicológica e social.
08. (UNESP)
Texto 1
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido de juiz do Rio de Janeiro que reivindica que a Justiça obrigue os funcionários do prédio onde esse juiz mora a chamá-lo de “senhor” ou de “doutor”, sob pena de multa diária. Na ação judicial, o juiz argumenta que foi chamado pelo porteiro do condomínio de “você” e de “cara” e que ouviu a expressão “fala sério!” após ter feito uma reclamação.
(Mariana Oliveira. “Ministro do STF nega pedido de juiz que quer ser chamado de ‘doutor’”. http://g1.globo.com, 22.04.2014. Adaptado.)
Texto 2
O “Você sabe com quem está falando?” não parece ser uma expressão nova, mas velha, tradicional, entre nós. Na medida em que as marcas de posição e hierarquização tradicional, como a bengala, as roupas de linho branco, o anel de grau e a caneta-tinteiro no bolso de fora do paletó se dissolvem, incrementa-se imediatamente o uso da expressão separadora de posições sociais para que o igualitarismo formal e legal, mas cambaleante na prática social, possa ficar submetido a outras formas de hierarquização social.
(Roberto da Matta. Carnavais, malandros e heróis, 1983. Adaptado.)
Considerando a análise do antropólogo Roberto da Matta, o fato descrito no texto 1 pode ser corretamente interpretado como resultante
A) Da contradição entre igualitarismo liberal e autoritarismo cultural.
B) plena assimilação cultural dos ideais iluministas de cidadania.
C) Das tendências estatais de controle totalitário da existência cotidiana.
D) Da superação das hierarquias sociais pela universalização ética.
E) Da hegemonia ideológica da classe operária sobre a classe burguesa.
09. (UNICAMP) “Não existem culturas ou civilizações ilhadas. (…) Quanto mais insistirmos na separação de culturas e civilizações, mais imprecisos seremos sobre nós mesmos e os outros. No meu modo de pensar, a noção de uma civilização isolada é impossível. A verdadeira questão é se queremos trabalhar para civilizações separadas ou se devemos tomar o caminho mais integrador, mas talvez mais difícil, que é tentar vê-las como um imenso todo cujos contornos exatos uma pessoa sozinha não consegue captar, mas cuja existência certa podemos intuir e sentir.”
(Edward Said, Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 317.)
Sobre o conceito em questão e os contextos referidos pelo autor, é correto afirmar:
A) O processo de globalização provocou a destruição da cultura dos povos não ocidentais e, por isso, aumentou práticas como o terrorismo a partir de 2001.
B) A ideia de civilização, como imaginada no século XIX, produziu a emancipação das Américas e o fim da disputa colonial no mundo.
C) O conceito de civilização foi estabelecido na Grécia Antiga e aperfeiçoado pelas práticas integradoras do imperialismo do século XIX ocorridas na África.
D) A lógica de integração de culturas é negada por grupos radicais e pelos defensores do princípio de que vivemos em um choque de civilizações.
10. (UNESP)
Texto 1
Nunca houve no mundo tanta gente vivendo com suas necessidades básicas atendidas, nunca uma porcentagem tão alta da população mundial viveu fora da miséria – uma vitória espetacular, num planeta com 7 bilhões de habitantes. Nunca houve menos fome. Nunca tantos tiveram tanta educação nem tanto acesso à saúde.
(José Roberto Guzzo. “Um mundo de angústias”. Veja, 25.01.2017.)
Texto 2
Mais sóbrio – e talvez mais pessimista – é olhar para quanto cada grupo se apropriou do crescimento total: os 10% mais ricos da população global se apropriaram de 60% de todo o crescimento do mundo entre 1988 e 2008. Uma grande massa de população melhorou de vida, é verdade, mas o que esse dado demonstra é que poderia ter melhorado muito mais se o resultado do crescimento não terminasse tão concentrado nas mãos dos ricos. O que está em jogo é mais do que dinheiro. Em um mundo globalizado, os estados nacionais perdem força. Um grupo pequeno de pessoas com muita riqueza tem grande poder de colocar as cartas a seu favor. Em casos extremos, a desigualdade é uma ameaça à democracia.
(Marcelo Medeiros. “O mundo é o lugar mais desigual do mundo”.
Http://piaui.folha.uol.com.br, junho de 2016. Adaptado.)
O confronto entre os dois textos permite concluir corretamente que
A) Ambos manifestam um ponto de vista liberal em termos ideológicos, pois repercutem as vantagens da valorização do livre mercado e da meritocracia.
B) O texto 1 pressupõe concordância com o liberalismo econômico, enquanto o texto 2 integra problemas econômicos com tendências de retrocesso político.
C) O texto 1 critica o progresso entendido como aperfeiçoamento contínuo da humanidade, enquanto o texto 2 valoriza a globalização econômica.
D) Ambos apresentam um enfoque crítico e negativo sobre os efeitos do neoliberalismo econômico e suas fortes tendências de diminuição dos gastos públicos.
E) Ambos manifestam um ponto de vista socialista em termos ideológicos, pois enfatizam a necessidade de diminuição da concentração de renda mundial.
GABARITO
1.E
2.A
3.B
4.D
5.A
6.C
6.C
7.E
8.A
9.D
10.B